Como elaborar projetos a partir dos PCNs
sábado, 13 de fevereiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

A necessidade de desenvolver capacidades, no sujeito aprendiz, é um dos mais importantes objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. O desenvolvimento dessas capacidades pode gerar atitudes como autonomia, análise, reflexão etc., essenciais à formação do cidadão integral.
Tais capacidades poderão ser desenvolvidas segundo as orientações de atuação com os conteúdos. Estes devem ser trabalhados não só de forma conceitual, mas também procedimental. Assim, o aprendiz passa ser o agente que desenvolve o processo em todas as etapas do procedimento.
Outra importante orientação dos PCNs refere-se ao trabalho de forma atitudinal com os conteúdos, gerando comportamentos analíticos e reflexivos frente a determinadas problemáticas apresentadas nos conteúdos e presentes em seu contexto social.
Com referência à didática, as orientações voltam-se para a interação do sujeito-aprendiz com o objeto de conhecimento e, também, para a promoção de um estreito contato com os demais membros da equipe. Diante destes parâmetros, resta ao professor buscar formas de nortear sua práxis educacional.
Nesse contexto, apresentamos o trabalho com Projetos, sugerindo dinâmicas que privilegiem tais orientações. Para tanto, definiremos as etapas de um Projeto, não de forma rígida e impositiva, mas de uma maneira naturalmente seqüencial. O aprendiz planeja, executa procedimentos, analisa e reflete sobre problemáticas e apresenta soluções.
Consideramos um Projeto como uma ação de investigação, onde o aprendiz pesquisa, analisa, elabora, depura, reelabora, apresenta suas aquisições e reflexões a respeito do objeto de investigação e, por fim, faz uma (auto)avaliação e uma (auto)crítica, tanto dos seus trabalhos como dos demais, com o intuito de melhor executar os próximos Projetos.
Em termos de vantagens de se trabalhar com a dinâmica de Projetos, podemos destacar:
- Tira o aluno da passividade;
- Possibilidade de trabalho nas diferentes áreas do conhecimento;
- Aprendizagem de forma mais ampla.
Desta forma, esperamos conseguir mediar, para o aprendiz, o desenvolvimento de suas capacidades, o que, posteriormente, poderá resultar em atitudes críticas, analíticas e coerentes, pertinentes ao cidadão integral.
Para o professor, estamos sugerindo formas de sistematização da dinâmica de trabalho com Projetos em sua práxis, levando-o a criar um ambiente motivador, voltado para uma aprendizagem mais significativa, e auxiliando-o a transformar-se, efetivamente, em mediador do processo de desenvolvimento do conhecimento de cada um de seus alunos.
Resumo de curso ministrado pelo Prof. Nilbo Ribeiro Nogueira.
Teoria das Inteligências Múltiplas -Perguntas e Respostas
O que esta teoria apresenta de novidades para a área educacional?
Basicamente, os estudos do Prof. Gardner falam da pluralidade das inteligências, onde o aprendiz é possuidor de um espectro de competências que podem ser desenvolvidas, o que é bem diferente do conceito de sujeito inteligente ou não, mensurado e rotulado pelo seu QI. A teoria das I.M. abre possibilidades de potencialização de outras competências além daquelas trabalhadas nas áreas lógico-matemática e lingüística.
Na prática, qual é a diferença entre estas duas concepções?
Se o aluno for encarado como "pouco inteligente" por apresentar dificuldades em matemática, na lógica das ciências e na expressão lingüística, pouco ou nada poderá ser feito por ele, a não ser deixar que se evada dos bancos escolares. Por outro lado, na concepção das I.M. este aluno poderá desenvolver-se em outras áreas, tais como: musical, espacial, corporal-cinestésica, pictórica, naturalista, interpessoal e intrapessoal. Conhecendo estas outras possibilidades, o professor poderá mediar a aprendizagem nestas diferentes áreas e o aluno considerado "pouco inteligente" poderá desenvolver outras competências de seu espectro e se tornar um excelente artista plástico, atleta, político, ecologista etc.
Mas, como teoria, ela não apresenta referências metodológicas. Como é que o professor pode aplicá-la em seu dia-a-dia?
Gardner fornece algumas pistas, ao contar alguns exemplos de sucesso nas escolas americanas. Destas pistas, enfatizo particularmente o trabalho com Projeto, uma prática que, acredito, pode dar oportunidades a diferentes ações e estímulos nas diferentes áreas do conhecimento.
De certa forma, as escolas dizem já trabalhar com Projetos. Qual é então a novidade?
Não existe novidade além da forma com que são concebidos estes Projetos. Uma série isolada de matemática, por exemplo, sobre cálculo de áreas das bandeiras e do campo de futebol, não pode ser chamada de Projeto Copa do Mundo. Na concepção ideal de Projetos, o trabalho deve acontecer de forma interdisciplinar envolvendo diferentes atividades, onde o aluno se coloca diante de diferentes ações e experenciações, levantando hipóteses, descobrindo fatos, criando, depurando os resultados, recriando novas hipóteses e finalmente expondo seus resultados. Tudo acontecendo com ambiente e ações apropriados, recebendo diferentes estímulos necessários ao desenvolvimento das I.M. Outro grande problema da escola reside na não sistematização desse tipo de dinâmica, talvez até por desconhecer as etapas fundamentais de um Projeto.
O senhor falou em interdisciplinaridade. As escolas não escontram muitas dificuldades para colocá-la em prática?
Sim, é verdade, mas não é por isto que ela deverá ser descartada. Na realidade, a dificuldade em trabalhar de forma interdisciplinar é que o tema fica para todos e, na prática, não fica para ninguém. Acredito que uma boa forma de trabalhar a interdisciplinaridade é "dar um pai à criança", função que considero poder ser executada pela disciplina Ciências como elo deste processo, ou ainda, trabalhando com a concepção ideal de Projeto.
Qual a vantagem de se trabalhar desta forma?
Para o aluno, é uma forma de tirá-lo da passividade e colocá-lo diante de oportunidades de participar ativamente de seu processo de construção do conhecimento. Ao professor, é um auxílio para trabalhar seus conteúdos, não só de formas conceituais, mas também de formas procedimentais e atitudinais, fatores estes essenciais na formação do sujeito verdadeiramente integral.