PLANO DE AULA RESCREVENDO HISTORIAS
domingo, 14 de fevereiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

Introdução
Em sociedades letradas, desde muito cedo, as crianças demonstram interesse e fazem reflexões sobre a função e o significado da escrita. Para que possam escrever autonomamente, é preciso que entrem em contato com diversos tipos de textos já nas quatro séries iniciais do Ensino Fundamental. O professor deve apresentar aos alunos poesias, receitas, contos, fábulas, lendas, cartas etc.
Os contos de fadas, por exemplo, têm uma estrutura complexa e são importantes no processo de alfabetização, pois neles ocorre uma narrativa perfeita, com a seqüência apresentada sempre da mesma forma: cenário, problema, construção do clímax da história, clímax, resolução do problema e desfecho. Além do mais, a identificação emotiva entre os alunos e os personagens predispõe as crianças à leitura.
Com as atividades propostas a seguir, as crianças darão um passo para a percepção de elementos da linguagem escrita. Perceberão elementos lingüísticos e discursivos e avançarão com relação ao domínio das normas da Língua Portuguesa. Terão também oportunidade de produzir algo com uma finalidade sócio-cultural e vivenciar uma prática que ocorre normalmente fora da escola, como escrever livros.
Objetivos
Ao final deste trabalho, os alunos serão capazes de:
• demonstrar conhecimento de diferentes contos de fadas;
• produzir e revisar textos;
• refletir sobre o uso das convenções que normatizam os usos da Língua Portuguesa com relação à ortografia;
• comunicar-se e expressar-se através de situações de intercâmbio social, elaborando e respondendo perguntas.
Conteúdo específico
Produção e revisão textual
Ano
5º e 8º séries
Tempo necessário
Dez aulas
Material necessário
Giz, lousa, papel sulfite, canetas coloridas, lápis de cor, livros de contos-de-fadas.

Desenvolvimento das atividades
Primeira etapa
Faça no quadro-negro ou em um cartaz uma lista, em ordem alfabética, dos contos tradicionais mais conhecidos pela turma. Diariamente, reserve um tempo para ler com a classe as histórias escolhidas.

Segunda etapa
Escolha com o grupo uma das histórias e leve para a classe várias versões para ler com as crianças, destacando semelhanças e diferenças com relação a: tipo de texto, organização do texto, personagens que compõem a história, seqüência em que se desenrola a trama, tempo em que as histórias se desenvolvem e cenários.

Terceira etapa
Discuta com o grupo algumas características e formas de organização dos contos.

Quarta etapa
Faça um planejamento da escrita. Assegure-se de que o tipo de texto que será produzido foi trabalhado em sala, com a discussão sobre a estrutura dos diálogos e a observação de todos os aspectos textuais. Proponha então a produção coletiva e individual de novas versões para um conto. Por exemplo: "Agora, que vocês já ouviram diversas versões sobre a história 'Os Três Porquinhos', crie a sua, mantendo os principais elementos dos textos lidos: personagens, estrutura narrativa etc."

Quinta etapa
Faça revisões dos textos coletivos em roda, destacando os elementos que exigem maior atenção.

Sexta etapa
Faça cruzadinhas, jogos de forca ou stop utilizando variações que sistematizem dificuldades ortográficas, como o uso de x, ch, ç, ss, s. O bingo de palavras pode envolver as que apresentaram mais erros.

Sétima etapa
Crie com a classe uma legenda para as correções de textos como
______ : erro de ortografia
( ): erro de vocabulário
+ : erro de pontuação
* : letra maiúscula
** : erro de acentuação

Exemplo: "Os porcinhos forão para o Egito, mas como não sabiam falar a língua (egitana) não podiam conversar +O mais velho, que se chamava *edu, teve uma **ideia que contou para o irmão do meio."
Proponha uma revisão dos textos individuais em duplas, usando a legenda criada para correções.

Produto final
Finalize a atividade, pedindo ilustrações para a nova versão do conto e a criação de um livrinho para ser lido por outras classes.
Avaliação
Durante o desenvolvimento da atividade, é possível avaliar como o aluno:
• utiliza em outros contextos de produção escrita, os conhecimentos que constrói a respeito da pontuação (veja o 1º objetivo);
• usa seus conhecimentos diante do texto para pontuá-lo a fim de atribuir significado a ele (veja o 2º e o 3º objetivos);
• argumenta para defender o seu ponto de vista (veja o 4º objetivo);
• colabora com o grupo (veja o 5º objetivo)
Contextualização
Esta proposta permite que os alunos trabalhem com contos tradicionais, um tipo de texto que a maioria das crianças já conhece. Isso proporciona uma situação favorável para se trabalhar com as normas da Língua Portuguesa; os momentos adequados para ler, ouvir, falar e escrever; a utilização de diversos tipos de registros (lista, livro); a linguagem escrita como forma de organização de informações; a maneira culturalmente adequada para escrever.

Plano de Aula
Texto sem enrolação
Objetivos
Discutir formas de iniciar narrativas e desenvolver técnicas de construção de textos.

Introdução
Como afirma a reportagem de VEJA, prender a atenção de um leitor logo nas primeiras linhas de um texto é tarefa árdua. Nada garante que você vá chegar até o fim da página, a não ser a habilidade desta redatora em convencê-lo de como o assunto em pauta é adequado para seus alunos. Eles irão saber, entre outras coisas, que todo texto é dirigido a um interlocutor específico e que argumentar com exemplos é mais do que “encheção de lingüiça”.

Persuasão planejada
Apresente aos alunos o conceito de dissertação – ordernar conceitos e idéias a fim de alcançar conclusões que têm o objetivo definido de convencer alguém. Mostre que dissertar é algo comum no cotidiano e não uma atividade restrita ao mundo escolar. Todo mundo disserta o tempo todo. O “garotão” tenta convencer a “gatinha” a “ficar” com ele, o político tenta persuadir o eleitor e conquistar seu voto. Por outro lado, a argumentação deve ser adequada ao perfil social e psicológico de quem se quer convencer.

Argumentos exemplares
Leia com os estudantes o material de VEJA. Em seguida, peça para que tentem explicar de que forma ela busca convencer seu leitor de que “o bom início é aquele que é surpreendente”. A estratégia adotada é a exemplificação, combinada com os comentários tecidos a partir de cada exemplo. Os inícios de textos narrativos famosos apresentados são tão díspares uns dos outros, que parece inevitável chegar à conclusão de que “os melhores começos não cabem nos manuais”. Proponha, então, uma reflexão sobre o modo como a exemplificação é usada pelos alunos em diferentes situações do dia-a-dia em que precisam dissertar sobre alguma coisa. Tente levá-los a perceber que esse recurso só faz sentido quando realmente tem função argumentativa e não serve apenas para “encher lingüiça”.

Leitor ideal
Comente com a turma que narrar também é uma atividade que vai além das redações. Quando se conta uma piada ou o que aconteceu numa viagem, por exemplo, obrigatoriamente se produz uma narrativa. O texto narrativo ficcional é um universo criado pelo autor, e tem de ser apresentado de alguma forma ao leitor – daí a relevância das primeiras linhas. Mais do que surpreendente, a abertura de uma narrativa tem de ser “pedagógica” e instruir o leitor sobre o que o espera no universo que ele pretende penetrar, dando-lhe a opção de prosseguir com a leitura ou não. Para o escritor italiano Umberto Eco, as primeiras páginas são como um “obstáculo penitencial”, capaz de criar o “leitor adequado para as páginas seguintes”. Eis um bom tema para discutir com seus alunos: para quem eles escrevem quando você lhes solicita um texto narrativo?

Conclusão
Encerre as discussões perguntando aos alunos se a argumentação da reportagem é bem-sucedida ou não, levando-se em conta a quem se destina o referido texto. Como é esse leitor? Ele é especializado no assunto “narrativas” ou trata-se de um público genérico? A linguagem e o recurso da exemplificação são adequados a ele? As conclusões servirão para mostrar como o perfil do leitor é fundamental na elaboração de uma argumentação.

Atividades práticas
1. Proponha aos alunos que elaborem textos narrativos a partir dos vários inícios apresentados na reportagem. Cada um deve escolher o início que mais lhe agrada. Não deixe de fazer leitura e comentário para a classe dos textos produzidos.

2. Divida a turma em grupos e peça que cada um traga para a aula um determinado jornal. Cada equipe deve tentar estabelecer o perfil do leitor a que é destinado o jornal a partir do nível de linguagem, da diagramação, do encaminhamento dos assuntos e da argumentação. É imprescindível que os jornais sejam diferentes entre si (publicações locais, de circulação nacional ou de áreas específicas).

Objetivos
Analisar elementos de estilo em um texto, discutir o papel argumentativo do estilo

Introdução
Não existe receita para a criação de um bom texto, mas quem se propõe a executar a tarefa conta com os diversos "ingredientes" ou recursos de que a Língua Portuguesa dispõe. Somados, eles formam o estilo do autor, que, a exemplo dos melhores cozinheiros, "tempera" suas obras com pitadas de criatividade e bom senso. A reportagem de VEJA emprega adjetivação e coloquialismo, entre outros elementos, para convencer o leitor mais cético de que há saladas deliciosas. A aula estimula seus alunos a enriquecer suas redações com charme e eficiência.

Atividades
1. Comente com a classe a origem da palavra texto: textum é o particípio do verbo latino texere, que significa tecer. Tecer um texto, portanto, exige o entrelaçamento de palavras e frases, a costura de períodos e parágrafos. Nesse trabalho de tecelão, o redator aplica diversos recursos e estratégias, criando um produto cujos aspectos formais, quando bem-articulados, adquirem por si mesmos um significado. Uma das maneiras de se definir estilo é essa - a capacidade do produtor de textos de imprimir em sua obra o talento individual e as marcas de sua arte e sua técnica.

2. Peça à turma que leia o texto "Estrela verde". Depois, leia-o em voz alta e cadenciada, evidenciando algumas de suas qualidades estilísticas. Tramando e compondo os elementos apontados, Aida Veiga produziu um texto de boa realização estilística. Ela exercitou, ainda, outro aspecto que o texto final não revela: a concisão. Sua redação original previa ocupar três páginas da revista. Destaque a felicidade do primeiro parágrafo, cujo teor captura a atenção pelo colorido rítmico e pela cumplicidade que cria com o leitor ao admitir que comer salada já foi uma "insossa obrigação".

3. Pergunte à classe se o estilo pode ou não ter um papel político na comunicação falada e escrita. Textos que tenham as qualidades formais como principal mérito são modelos a seguir ou a evitar? Uma excessiva preocupação com a forma indica pobreza de conteúdo, tema frívolo ou intenção de não aprofundar a abordagem de uma questão?

4. Os alunos devem trazer para a escola editoriais de jornais e revistas, que serão lidos e comentados. O estilo desses textos é mais ou menos rebuscado que os demais? Por quê? Mostre que o rebuscamento tem valor argumentativo: os veículos impressos "capricham" nos editoriais porque crêem na linguagem formal para expor a opinião da empresa.

5. Peça aos alunos que reescrevam o primeiro parágrafo do texto de VEJA, substituindo seus adjetivos por outros à escolha deles. Compare os resultados em sala de aula. Faça propostas semelhantes para os demais parágrafos da reportagem, trocando os substantivos do segundo, os verbos do terceiro e do quarto e, finalmente, os adjetivos do último.

Redação Leve e Gostosa
ADJETIVOS
Já no subtítulo da reportagem, o encadeamento de adjetivos produz seqüências de leitura agradável: "sofisticadas, bonitas e gostosas". O procedimento se repete ao longo do texto: "initerrupta e generalizada", "verdinhas e crocantes". O recurso, que destaca qualidades objetivas e subjetivas, é usado para atrair a simpatia e manter o interesse do leitor.

SIMETRIA
A coordenação de substantivos e adjetivos aparece em construções sintaticamente equilibradas, um recurso rítmico importante: "uma bela massa, um filé suculento, um risoto caprichado", "ingredientes impensáveis e molhos exóticos". Em outros casos, a simetria é construída a partir de termos mais complexos: "com engulhos pelas crianças e com resignada aceitação pelos adultos".

VOCABULÁRIO
A escolha de palavras de sonoridade atraente ou exótica enriquece o texto e, no mínino, estimula a curiosidade do leitor: aboletou-se, endívias, gergelim, galgado, insossa. Termos estrangeiros também "temperam" a reportagem: light, funghi, chefs, fast-food, chicken-salad, bowls, denotando as influências externas na linguagem gastronômica.

COLOQUIALISMO
Em muitos momentos, o texto aproxima-se do leitor pelo tom de conversa familiar: "O.k., acelga não tem graça nenhuma...", "Tomate e pepino, argh!", "Quem empurrou a salada para a área nobre...". Para conferir conteúdo ao texto, Aida Veiga também se vale de dados estatísticos. O leitor fica sabendo que, nos Estados Unidos, 82% dos restaurantes servem saladas como pratos principais. "Foi a partir dessa informação que eu tive a idéia de fazer a reportagem", conta a redatora.

ROTEIRO
Antes de escrever, a jornalista traçou um roteiro mental para se organizar. A argumentação quer convencer o leitor a comer salada e revela essa intenção desde o primeiro parágrafo. Em outro trecho, a redatora assume a posição do desafeto das saladas e tenta convencê-lo de que as novas opções tornaram o prato palatável: "a saladinha sem gosto ganhou ingredientes de dar água na boca".

VERBOS
A redatora usou criteriosamente os verbos dicendi: dizer, contar, afirmar, constatar e confessar modulam os testemunhos, que vão do tom neutro ("diz Sílvia Amaral") até a intimidade exagerada ("confessa a empresária Beatriz Lemgruber"). A confissão, no segundo caso, sugere implicitamente que sonhar com um prato de massa é, para quem faz dieta, um ato condenável, um pecado.