RESENHA CRÍTICA
quinta-feira, 19 de novembro de 2009 by Reciclagem de Artigos in

EUCLIDES DA CUNHA – BA
2008
FAGALI, Eloisa Quadros, VALE, Zélia Del Rio do Vale. Psicopedagogia Institucional Aplicada: Aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1993. 93p.



Eloisa Quadros Fagali é psicopedagoga clínica, mestre em psicologia da Educação, supervisora e assessora de escolas de 1º e 2º graus. Atualmente é professora titular, supervisora e orientadora de monografias nos cursos de especialização e aperfeiçoamento em psicopedagogia e arte terapia, Ajudou a fundar o Curso de Formação em Psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae. É também professora na PUC-SP.

Zélia Del Rio do Vale é psicopedagoga clínica, professora e orientadora educacional. Formou-se em Psicopedagogia pela PUC-SP onde atua como professora convidada no Instituto Sedes Sapientiae.

A obra é dividida em sete capítulos e um anexo, sendo apresentado em cada um deles a percepção das autoras acerca da importância das atividades psicopedagogicas no espaço escolar.

No primeiro capítulo, a idéia desenvolvida se dá em torno das duas naturezas de trabalhos pedagógicos presentes na escola: uma que se refere à pedagogia curativa e a outra que diz respeito à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Aquela fornece subsídios para se entender e trabalhar com as dificuldades dos alunos na escola, enquanto esta propõe discutir as questões concernentes às relações existentes entre professor-aluno. Segundo, as autoras, o trabalho está concentrado nos trabalhos preventivos, pois assim é possível modificar as construções pedagógicas.

No segundo capítulo, a questão afetivo-emocional do aluno é um dos temas em debate, pois de acordo com as autoras até pouco tempo a esse lado da criança não era dada a real importância. Além disso, a preocupação com a construção de conhecimento também se faz presente nessa parte. Sendo assim, uma nova forma de olhar e trabalhar os conteúdos também são apresentada, mostrando que o aluno precisa se sentir autônomo e emotivamente estimulado para aprender.

Para explicar à metodologia necessária a integração do universo do aluno com as informações e os conceitos desenvolvidos na construção do conhecimento, as autoras explanam, no terceiro capítulo, algumas referências teóricas. Citam no primeiro momento a teoria construtivista a qual leva em conta a relativização
e o interacionismo como instrumentos da aprendizagem. A segunda referência diz respeito às contribuições de Pichon Riviere sobre o aspecto social do aprender, pois conforme o mesmo é importante a aprendizagem desenvolvida em grupo. Em seguida, apresenta-se também a abordagem da gestalt, mostrando que as percepções são fundamentais ao ato de aprender. Por fim, faz referência ao valor da simbolização e da dinâmica entre as quatro funções: pensar, intuir, sentir e perceber. E ao refletir sobre as novas formas de sentir, pensar e agir em relação ao conhecimento, as autoras buscam informações nos seus estudos fazendo uma analogia do poema Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, no trecho em que relata: “Você é livre de ser você mesmo, de ser seu próprio eu, aqui e agora, e não há nada que possa interpor-se no seu caminho.”

No quarto capítulo, as autoras sistematizam suas idéias em torno da construção e aplicabilidade de um projeto, para isso cita o trabalho intitulado “As diferentes formas de olhar”. Nessa parte, menciona as etapas de um projeto, em seguida, os procedimentos sobre o tema integrador e depois as considerações sobre a sensibilização.

No quinto capítulo, há a amostra de um projeto Psicopedagógico mobilizado pelo tema “As diferentes formas de olhar”. Nessa parte, há a apresentação do diálogo com as imagens, citando os procedimentos necessários à realização do projeto. Em seguida, têm-se os projetos específicos de cada área de conhecimento como Língua Portuguesa, História e Matemática, tendo todos como tema gerador “As diferentes formas de olhar”.

No sexto capítulo, as autoras assinalam a importância dos cadernos construtivistas e apresentam os objetivos por área. Esses cadernos buscam desenvolver textos participativos em que a criança aprenda através de diversos recursos como jogos associativos.

O último capítulo e para finalizar as atividades psicopedagogicas, as escritoras revelam as novas propostas futuras.

Por fim, no anexo, tem-se a amostra, detalhando todos os momentos, de um caderno construtivista de geografia.

Esse livro se configura de forma clara e simples esclarecendo pontos fundamentais sobre as relações interpessoais, e suas trajetórias em diferentes contextos. As autoras ampliam referenciais teóricos e metodológicos buscando discutir de forma sucinta e objetiva as bases epistemológicas da psicopedagogia. Dessa forma é sabido afirmar que é imprescindível inserir novas metodologias em sala de aula com vista a superação das inadequações do aluno e o resgate dos valores humanos de cordialidade e afeto que de certo modo estamos perdendo em nosso viver.

Por fim, ao termino da leitura as autoras conseguem deixar boa proposta de discussão sobre o papel do psicopedagogo e uma bela provocação ao nosso pensar e nos imensos desafios educacionais que surgem no sentido de atuar sobre os diversos sentimentos e diferentes áreas do conhecimento, com tendências teóricas diversas, que se renova cada vez mais por sua pluralidade de idéias e por seu caráter interdisciplinar e complexo.

O estudo dessa obra beneficia educadores psicopedagogos e pessoas que se interessem por processos de ensino aprendizagem vinculados ao universo do trabalho onde estão inseridos.