FORMAÇÃO DE PROFESSORES E TRABALHO PEDAGOGICO
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009 by Reciclagem de Artigos in

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E TRABALHO PEDAGOGICO:

Já começamos, mais ainda estamos longe do fim.
Começamos por organizar ações pontuais de formação continua, mas evoluímos no sentido de enquadrar num contexto mais vasto de desenvolvimento profissional e organizacional.
Começamos por encarar os professores isolados e a titulo individual, mas evoluímos no sentido de considerar integrados em redes de cooperação e de colaboração profissional.
Passamos de uma formação por catálogos para uma reflexão na pratica e sobre a prática.
Modificamos a nossa perspectiva de um único modelo de formação dos professores para programas diversificados e alternativos de formação contínua.
Mudamos as nossas práticas de investigação sobre os professores para uma investigação com os professores e até para uma investigação pelos professores.
Estamos a evoluir no sentido de uma profissão que desenvolve os seus próprios sistemas e saberes através de percursos de renovação permanente que a definem como uma profissão reflexiva e cientifica.

A “refundação” tem muitos caminhos, mais todos eles passam pelos professores. Esta profissão representou, no passado, um dos lugares onde a idéia de escola foi inventada. No presente, o seu papel é essencial para que a escola seja recriada como espaço de formação individual e de cidadania democrática. Mas, para que tal aconteça, é preciso que os professores sejam capazes de refletirem sobre a sua própria profissão encontrando modelos de formação e de trabalho que lhe permitam, não só afirmar a importância dos aspectos pessoais e organizacionais na vida docente, mas também consolidar as dimensões coletivas da profissão.
É preciso dizer que nesse processo de reconfiguração da profissão docente e de invenção de uma nova identidade profissional a formação contínua ocupa um lugar decisivo. Os professores têm de abandonar uma atitude defensiva e “tomar a palavra” na construção do futuro da escola e da sua profissão.

Os anos 1980 não foram fáceis para os professores, tendo-se acentuado progressivamente os fatores de mal estar profissional. Mais do que uma profissão desprestigiada aos “olhos dos outros”, a profissão docente tornou-se difícil de viver do interior. A ausência de um projeto coletivo, mobilizador do conjunto da classe docente, dificultou a afirmação social dos professores, dando azo a uma atitude defensiva mais própria de “funcionários” do que de “profissionais autônomos”
A tendência para separar a concepção da execução pedagógica legitima a intervenção dos especialistas científicos retirando dos professores margens importantes de autonomia profissional, e a tendência no sentido da intensificação do trabalho dos professores com um sobrecarga permanente de atividades que leva os professores a realizar apenas o essencial para cumprir a tarefa que tem entre mãos, apoiando-se cada vez mais nos especialistas a esperarem que lhes digam o que fazer, iniciando-se um processo de depreciação da experiência e das capacidades dquiridas aos longo dos anos.
A qualidade cede lugar á quantidade. Perdem-se competências coletivas á medida que se conquistam competências administrativas. É a estima profissional que esta em jogo, quando o próprio trabalho se encontra dominado por outros atores.
A formação contínua pode desempenhar um papel importante na configuração de uma “nova” profissionalidade docente, estimulando a emergência de uma cultura profissional dos educadores e uma cultura organizacional das escolas.
Torna-se cada vez mais evidente, no mundo do trabalho, que a formação é um excelente instrumento quando se trata de adaptar á mudança, mas que é insuficiente para impulsionar, não condiz diretamente á ação inovadora, é preciso ter consciência desse fato, é uma intervenção educativa com uma nova visão paradigmática da formação contínua dos professores, entendida como uma variável essencial ao desenvolvimento das pessoas e das organizações.
Tem se ignorado sistematicamente o eixo do desenvolvimento pessoal confundindo “formar” e “forma-se” não compreendendo que a lógica da atividade educativa nem sempre coincide com as dinâmicas próprias da formação.
A formação tem como eixo de referencia o desenvolvimento profissional dos professores.
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexidade critica sobre as praticas e de (re) construção permanente de ima identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. A teoria fornece-nos indicadores e grelhas de leitura, mas o saber de referencia está ligado á sua experiência e á sua identidade.
O trabalho centrado na pessoa do professor e na sua experiência é particularmente relevante nos períodos de crise e de mudança, pois uma das fontes mais importantes do stress é o sentimento de que não se dominam as situações e os contextos de intervenção profissional. É preciso um tempo para acomodar as inovações e as mudanças, para refazer as identidades.
Na vida quotidiana, freqüentemente pensamos sobre o que fazemos ao mesmo tempo que atuamos. Schon chama a este componente do pensamento prático, reflexão na ação.
A reflexão sobre a ação e sobre a reflexão na ação é a análise que o individuo realiza a posteriori sobre as características e processos da sua própria ação.
Os momentos de balanço retrospectivo sobre os percursos pessoais e profissionais são momentos em que cada um produz a “sua” vida, o que no caso dos professores é também produzir a “sua” profissão.
Investir a profissão e os seus saberes
Práticas de formação contínua organizada em torno dos professores individuais podem ser úteis para a aquisição de conhecimentos e de técnicas, mas favorecem o isolamento.
Praticas de formação que tomem como referencia as dimensões coletivas contribuem para a emancipação profissional e para a consolidação de uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos seus valores.
Vivemos em uma época onde a busca por conhecimento é condição indispensável para o sucesso pessoal e profissional e neste contexto a atuação do professor na formação continuada possibilita desenvolver, multiplicar e aproveitar os talentos existentes em um processo de educação que abre perspectivas interessantes para o magistério ao oferecer condições de tratar a capacitação docente não apenas sob o viés da titulação e da pesquisa, mas da atualização, do contínuo aprimoramento, da revisão constante de sua prática, da troca de experiência com seus pares. Pouco se cumprem sua missão de educação e formação continuada. Porem todas as áreas de educação necessitam de um sistema aprimorado de formação de seus professores que privilegie a construção da formação do seu docente, em todos os seus aspectos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da autonomia e da identidade profissional.
. Neste sentido, a formação destes profissionais deveria abarcar os vários saberes necessários ao exercício da docência, que segundo Tardif (2005) são os saberes das disciplinas, os saberes curriculares, os saberes pedagógicos e os saberes da experiência.