AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE PROFESSORES
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

RESUMO: Muitas vezes, os professores nãos e dão conta de que existe um descompasso entre o que pensam e o que fazem a aprendizagem e o conhecimento é de interesse de todos, que consciente ou inconscientemente, participam do processo em busca de um caminho harmônico de convivência e crescimento. O relacionamento professor-aluno, professore-professor, professor-gestor é um tema que vem sendo investigado, através de diferentes estratégias metodológicas. Este trabalho trata a questão a partir da visão dos atores que participam do processo do ensino-aprendizagem tendo por base alguns professores da escola municipal Waldir Magalhães de Andrade que responderam a um questionário elaborado com questões abertas, entre as informações fornecidas pelos participantes elucida as dificuldades nas interações entre os professores, é uma realidade da cultura escolar observada entre todos os docentes e funcionários da escola. Tal realidade esta afetando no processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: comunicação, integração, relacionamento Professor/aluno, Professor/Professor.



. Percebendo a desvalorização dos sentimentos, da expressão emocional dos alunos, professores e gestores. Esta pesquisa teve por objetivo analisar os processos interativos em toda equipe docente. Justifica-se a realização da investigação pelo fato das manifestações sobre problemas referentes ao relacionamento interpessoal, por parte dos professores, alunos e gestores. Também foi intenção do trabalho resgatar as experiências positivas e negativas relativas ao assunto em foco, na visão de professores.

A variável para isto foi a aplicação de questionários aos professores como amostragem para averiguar o que conhecem e o que pensam os professores a respeito das relações interpessoais no grupo. Foram alvo da pesquisa 50% dos professores que estavam presentes no dia da aplicação do instrumento, optou-se por uma metodologia qualitativa, valorizando a fala dos sujeitos, uma metodologia que trabalhe com significados valores e atitudes no intuito de apreender e compreender a questão tema deste estudo.

Verificou que os problemas interpessoais identificados nesta instituição entre professor-professor, professor-gestor, professor-aluno são: falta de comunicação, indisciplina dos alunos, falta de ética entre os profissionais, falta de entrosamento entre gestores e professores, falta de tempo para conhecer melhor os problemas dos alunos, planejar projetos que foque uma maior aprendizagem do aluno, falta atitude e ação por parte de todos.

Questionados sobre o que cada segmento pode fazer para melhorar as relações na comunidade escolar foram obtidas as seguintes respostas: gestores devem ser mais rígidos com professores e alunos, mais presentes e atuantes, perceber a necessidade da escola, alunos e professores, elogiar os trabalhos e impor menos funcionários cumprir mais as suas tarefas, articulando com toda comunidade escolar, alunos mais dedicados aos estudos e participativos, melhorar a relação através do dialogo, socialização dos problemas para toda comunidade escolar, promover ações que integrem todos na pratica, conversar mais para melhorar a convivência e decisões.
Vale ressaltar que as maiores dificuldades de relacionamento entre professor e aluno, na visão do professor é a falta de disciplina dos alunos. Outras dificuldades, foram apontadas porém todas originadas, exclusivamente, pelos alunos.

A proposta deste trabalho é apresentar alternativas para a melhoria das relações interpessoais visando motivação para o trabalho dentre as várias. dimensões das relações aluno-professor, professor-professor, professor-gestor. Alguns estudos sobre interação deixam claro que a cooperação intelectual em torno de um problema comum é fator fundamental do desenvolvimento. Dessa forma as trocas entre parceiros não são só valorizados, como também incentivadas na medida em que resultam na experiência humana, em conhecimento co-construido com o outro.

Percebe-se que o professor ainda não consegue identificar na cultura escolar a dinâmica das relações inclusive aquelas geradas pela sua própria pratica enquanto educador. A dificuldade nas interações entre os professores é uma realidade da cultura que implica nos resultados. É possível uma forma harmônica de melhorar relacionamento entre professor e aluno, professor-professor Nesse sentido, Vasconcellos (2001) faz o seguinte alerta: “o autêntico professor é aquele que necessariamente faz memória, recorda os mitos, os sonhos, as utopias e as tradições, as aprendizagens do passado, a cultura, ao mesmo tempo em que analisa o presente e projeta o futuro”.(p.57).

O estudo do relacionamento humano, em especial, do relacionamento professor/aluno, trata-se de tema de alta complexidade, pois existem diversos fatores envolvidos na questão, influenciando diretamente os atores principais do processo de ensino e aprendizagem.

[...] Uma boa parte do trabalho docente é de cunho afetivo, emocional. Baseia-se em emoções, em afetos, na capacidade não somente de pensar nos alunos, mas igualmente de perceber e sentir suas emoções, seus temores, suas alegrias, seus próprios bloqueios afetivos. (Tardif 2002)

[...] Perrenoud diz-nos que o ensino é uma profissão relacional, que é o professor, com suas palavras, seus gestos, seu corpo, seu espírito, que dá sentido, luz ou sombras ás informações que quer fazer chegar aos colegas e aos alunos.
[...] É muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, angustias, em seu momento, enfim. Um olhar atento, sem pressa, que acolha as mudanças as semelhanças e as diferenças, um olhar que capte antes de agir.
Nosso olhar sempre tem uma perspectiva- o ponto de vista com que olhamos. Esse ponto de vista ou essa abordagem são nossos objetivos, pressupostos, tendências, crenças teóricas, critério-enfim, o ponto de vista em relação ao homem e ao mundo que carregamos e temos conosco, naquele momento. É preciso ter clareza disso.
Há outra questão a considerar: a amplitude do olhar, ou seja, há um olhar imediato de curto alcance, um olhar que nos faz chegar às pessoas e aos problemas do cotidiano.
Mas há outro olhar mais amplo, que nos faz projetar o futuro, o que desejamos construir a médio e a longo prazo.

Esses levantamentos produziram dados existentes sobre a realidade, abordam unanimente que um grupo só melhora quando há integração de todo corpo docente nas relações, que devem, portanto, ser objeto de muitos estudos para a construção do Referencial teórico que busca a compreensão da influência das relações interpessoais na equipe de professores e desempenho dos alunos. A questão da gestão administrativa e pedagógica é outro elemento que aparece com freqüência nos questionários da escola que e a dificuldade de interagir com os vários sujeitos que se encontram na escola, construindo a legitimidade de suas ações, que devem buscar um relacionamento próximo e tranqüilo com a equipe de trabalho, sendo capaz de mobilizar os professores para o cumprimento dos objetivos educacionais estabelecidos na escola. O diretor deve também buscar interagir com os alunos no sentido de deixá-los interessados em sua própria aprendizagem. A interação entre a liderança administrativa e os outros sujeitos presentes na escola é tão importante quanto a boa capacidade administrativa de gerenciamento de recursos Portanto, a atuação dos gestores é ressaltada, na medida em que o seu papel deve ser justamente de conseguir construir esse ambiente de integração.
Existem muitas dificuldades para se atingir um equilíbrio entre os interesses e expectativas dos professores satisfeitos e motivados que é sem dúvida sinônima de desempenho e aprendizagem do aluno.
A cada membro do grupo cabe a responsabilidade de tomar em consideração a individualidade do companheiro, dar atenção, ser sensível ás suas reações e elucidar as relações vividas no grupo. Apresentar de forma consistente medidas que permitam atitudes motivadoras.
Mas quais seriam essas medidas? Seriam comuns a todos os professores? Como fazer para satisfazê-las? Por que alguns professores dão o máximo de si e outros fazem apenas o indispensável, mesmo recebendo o mesmo salário?Como influenciar, positivamente, o desempenho dos professores? A necessidade de encontrar respostas e soluções para tantas dúvidas e problemas nessa perspectiva de entender o que impulsiona o que dirige e o que mantém determinados padrões de comportamento e relacionamentos é que nos levou a procurar teóricos e pesquisadores para o estudo de caso. Ou seja, sempre existe um motivo que desencadeia uma ação.
Assim podemos entender que o trabalho educativo do professor não pode conter, de forma alguma, em seu bojo, o rancor, a rispidez, o mau humor, o desrespeito, a ofensa, o cinismo, o autoritarismo que humilha e envergonha. Enfim, o professor deve ensinar a condição humana, individual e coletiva. Eis aqui um desafio para todos os professores, comprometidos com o “agir pedagógico” que privilegie interventivamente, o vínculo pessoal saudável, a tolerância, a capacidade de cuidar do outro e se deixar ser cuidado. Esta é uma tarefa qual devemos disseminar em nossas reflexões sobre as ações que permeiam nossas práticas educativas: a pessoa do professor enquanto profissional do desenvolvimento de “corações e mentes”.

Uma boa relação interpessoal é nutritiva porque ajuda a nos constituir como pessoa, e que faz parte da competência da escola saber lidar com as questões interpessoais. uma política de interpessoais confortáveis na escola ajuda alunos e profissionais a permanecer nela, mas há necessidade de políticas sociais mais amplas que sustentem essa permanência.levar os professores a definir objetivos comuns e a persegui-los em conjunto é tarefa que não será atingida se não houver a constituição de um grupo coeso, embora a coesão seja um processo lento e difícil.
As habilidades de relacionamento interpessoal - o olhar atento, o ouvir ativo, o falar autentico – podem ser desenvolvidas, e que nesse exercício profissional vai fazendo uma revisão de suas concepções de escola, de professor e de aluno. Essas concepções necessitam ser continuamente pensadas se a escola realmente deseja formar cidadãos críticos. E cidadania tem tudo a ver com relações entre pessoas. Como diz Milton Santos (1998), “ser cidadão é viver valorando as relações interpessoais, as relações com a comunidade, os problemas nacionais.”

Referencias bibliográficas:

Almeida, Laurinda Ramalho e Placco, Vera Maria Nigro de Souza (2007).Coordenador pedagógico e o espaço da mudança.Ed.Loyola,São Paulo

Zagury, T. (1999). Relação professor/aluno, disciplina e saber. Pátio: Revista Pedagógica, 2(8), 9-12.

Fleuri, R. M. (1997). Educar para que? Contra o autoritarismo da relação pedagógica na Escola. São Paulo: Cortez

Vasconcellos, C. S. (2001). Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. São Paulo: Libertad



Tardif (2002, p. 128) propõe uma pedagogia que priorize a "tecnologia da interação humana, colocando em evidência, ao mesmo tempo, a questão das dimensões epistemológicas e éticas", apoiada necessariamente em uma visão de mundo, de homem e sociedade. Neste sentido, uma prática pedagógica precisa ter dinâmica própria, que lhe permita o exercício do pensamento reflexivo, conduza a uma visão política de cidadania e que seja capaz de integrar a arte, a cultura, os valores e a interação, propiciando, assim, a recuperação da autonomia dos sujeitos e de sua ocupação no mundo, de forma significativa.

Tardif (2002), no tocante a esse aspecto na prática pedagógica, assinala que, na maioria das vezes, os professores precisam tomar decisões e desenvolver estratégias de ação em plena atividade, sem se apoiar num "saber-fazer" técnico-científico que lhes permita controlar a situação com toda a certeza.