O TRABALHO EM GRUPO E A AVALIAÇÃO: ENFRENTANDO AS DIFICULDADES DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS ALUNOS
domingo, 3 de janeiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

Não é novidade a queixa dos professores quando o assunto é avaliação do desempenho de seus alunos, quando a questão é avaliar o desempenho dos mesmos em trabalhos realizados em grupos, aí então, o problema é maior ainda, chegando mesmo, a inibir essa prática tão importante na educação de nossas crianças e nossos jovens.
Assim, objetivamos com nossa contribuição oferecer aos professores uma alternativa para a avaliação do desempenho dos seus alunos, quando o produto alcançado por eles é conseqüência do procedimento didático aludido.
METODOLOGIA
Considerando a diversidade de atuação dos alunos quando envolvidos com esse tipo de procedimento de ensino, pensamos em encontrar uma forma de avaliar, mesmo considerando o resultado coletivamente, o desempenho individual do aluno na elaboração do trabalho. Para tanto, elaboramos uma ficha de avaliação do desempenho individual dos participantes do grupo, criamos uma sistemática de avaliação mista, ou seja: avaliação do trabalho final, o produto, pelo professor e a auto-avaliação do grupo, para considerar a atuação de cada um dos elementos no
desenvolvimento do trabalho.
RESULTADOS
Já aplicamos a estratégia em vários níveis de ensino, variando os itens a serem avaliados de acordo com a faixa etária dos alunos envolvidos, desde crianças, jovens e adultos, inclusive no nível superior de ensino, com bastante sucesso. Os alunos ao trabalharem em grupo e depois discutirem e analisarem seu desempenho orientados
pelos itens apresentados, têm evoluído positivamente em relação às responsabilidades assumidas com os colegas e no seu relacionamento com os conteúdos apresentados em sala de aula.
CONCLUSÃO
Como já dissemos, não se trata de um trabalho de pesquisa em seu sentido estrito, portanto à guisa de conclusões podemos analisar os resultados obtidos com os alunos, quando submetidos ao processo, os quais consideramos muito positivos, tendo em vista o envolvimento dos mesmos no processo e o crescente senso de responsabilidade entre uma avaliação e outra.
Além das queixas corriqueiras quanto às dificuldades encontradas no processo ordinário de avaliação, quando se refere ao trabalho em grupo, acrescentam-se, entre outras as seguintes: “a participação dos alunos é muito diferente quando da realização do trabalho e não tem como avaliar essas diferenças”; ou “alguns alunos mais esforçados acabam realizando o trabalho todo e
os mais folgados acabam também recebendo a nota integral”; “os alunos mais preguiçosos acabam tirando notas altas por conta do trabalho de outros alunos mais esforçados”; ou ainda, “não é justo, pois alunos com desempenhos diferentes acabam tirando notas iguais”. Obviamente não podemos refutar nenhum desses argumentos tendo em vista o sistema de avaliação utilizado pelos professores, pois todos esses argumentos e outros mais são totalmente pertinentes e condizem com a realidade dos fatos, logo até aqui não tem novidade nenhuma, no entanto, com um pouco de imaginação e criatividade podemos ao menos minimizar esse problema.
O processo de avaliação do desempenho dos alunos tem sido objeto de estudos e reflexões já por várias décadas, e logicamente muitos progressos já se podem notar ao observarmos a prática dos nossos professores, no entanto muita coisa, ainda está por se fazer.
Para nossa proposta de atuação partimos do seguinte conceito de avaliação: processo que se destina a analisar o aproveitamento escolar em função de uma teoria de ensino-aprendizagem, para que se possam repensar os métodos, os procedimentos e as estratégias de ensino, além de propiciar uma visão mais abrangente da realidade escolar em função dos objetivos propostos em relação aos resultados alcançados, assim a avaliação do aproveitamento escolar implica: a) construção de conhecimentos - elaboração de formas de pensar e relacionar determinados conteúdos que foram objeto de ensino; (fazer inferências, generalizações, comparações, análises, sínteses, etc.)
b) presença de um certo progresso entre as construções já elaboradas pelos alunos e aquelas que foram alcançadas na e através da ação da escola.(aproveitamento escolar é dinâmico, processual.)
c) desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprendizado significativo dos conteúdos estudados. Partindo do princípio de que o conhecimento é resultado de uma construção do mesmo pelo aluno, através de sua atividade na realidade social e com sua compreensão lógica das causas e conseqüências dos fatos, não podemos descartar, em hipótese nenhuma, as experiências realizadas pelos alunos nos trabalhos em grupos. Assim o processo docente deve orientar-se no sentido de desenvolver determinadas estruturas operatórias do pensamento do educando e, obviamente, avaliar se estão presentes na estrutura cognitiva dos alunos. A característica principal do trabalho realizado em grupos é propiciar ao aluno realizar um conjunto de operações mentais em interação como os colegas e com os conteúdos e problemas apresentados pelo professor em sala de aula. Tais operações mentais são fases diferentes do processo através das quais o aluno evolui pelos distintos níveis da assimilação, ou seja, familiarizar-se, reproduzir, produzir e criar, num processo gradativo do qual resulta a solidez dos conhecimentos e as habilidades que delineiam a essência do processo ensino - aprendizagem.
Para Gomes, 1991, os conhecimentos resultam do trabalho do aluno (atuação pessoal) e da sua interação com os seus colegas, o meio social, as diversas fontes de informação e os professores; assim o aluno desenvolve um papel ativo e criativo no processo, o qual se centraliza no processo ensino - aprendizagem. O aluno chegará aos conhecimentos por si mesmo, depois de realizar as necessárias operações mentais (lógicas, teóricas e experimentais), partindo da organização sistêmica, das informações adquiridas na sala de aula, nos livros e demais fontes de informação e pela sua própria experiência.
O aluno permanece durante todo o processo docente em busca de respostas e soluções às interrogações e problemas educacionais (teóricas ou empíricas) colocadas pelo professor ou detectadas por si mesmo no seu contato com a sua realidade e as experiências apresentadas, também pelos colegas no grupo. Para garantir um maior e permanente protagonismo do aluno no processo docente, supõe se a introdução de diferentes tipos de aulas, distinguidas entre si pelos objetivos e o nível de assimilação a alcançarem. Assim, o processo docente, orientado ao processo ensino - aprendizado e não mais somente ao ensino ou à aprendizagem, procura um predomínio das
aulas, em que os alunos trabalham mais; exigindo deles um estudo independente, uma construção de respostas e soluções por meio de um conjunto de operações mentais, um intercâmbio de opiniões, uma cultura de debate, a leitura e utilização das fontes de informação e, o ordenamento e a apresentação de idéias resultantes do raciocínio lógico pessoal. Enfim, com o trabalho em grupo procura-se favorecer o trabalho dos alunos, o desenvolvimento de suas habilidades intelectuais, a elevação dos níveis de estudo em grupo e um maior aproveitamento de suas experiências pessoais e do seu potencial criativo no relacionamento com outras pessoas.
Creio que já podemos perceber a importância de incluirmos em nosso estoque de procedimentos didáticos o trabalho em grupo, resta agora encontrarmos alternativas válidas para o processo de avaliação do desempenho dos nossos alunos a partir dessa experiência: o trabalho em grupo.
Sensível a toda essa problemática debruçamo-nos na busca de encontrar e oferecer aos colegas uma alternativa para a avaliação do desempenho do aluno quando a atividade a ser avaliada é o trabalho em grupo.
Considerando a diversidade de atuação dos alunos quando envolvidos com esse tipo de procedimento de ensino, pensamos em encontrar uma forma de avaliar, mesmo considerando o resultado coletivamente, o desempenho individual do aluno na elaboração do trabalho.
Para tanto, elaboramos uma ficha de avaliação do desempenho individual dos participantes do grupo, como o professor não pode estar controlando sistematicamente o envolvimento de todos os alunos de todos os grupos de trabalho, criamos uma sistemática de avaliação mista, ou seja, avaliação do trabalho final, o produto, pelo professor e a auto-avaliação do grupo, para considerar a atuação de cada um dos elementos no desenvolvimento do trabalho.