docente aprende a aprender
terça-feira, 19 de janeiro de 2010 by Reciclagem de Artigos in

A formação contínua do professor.


Dentro do contexto educacional contemporâneo, a formação continuada é saída possível para melhoria da qualidade do ensino, por isso o profissional consciente deve saber que sua formação não termina na universidade. Para os professores, acessar conteúdos num mundo onde a geração e a circulação do conhecimento são intensas implica um contínuo contato com conceitos e a constante possibilidade de reflexão sobre a prática, para que possam construir e utilizar dinâmicas que favoreçam o aprendizado, além de saber identificar dificuldades e promover inserções que ajudem os alunos a superar desafios. Daí a importância de uma boa formação, não só inicial, como também continuada, que pode disponibilizar essas oportunidades aos professores Palavras chave: formação continuada, professor reflexivo. Impossível falar em qualidade de ensino, sem falar da formação do professor, questões que estão intimamente ligadas. A formação teórica e prática do professor poderão contribuir para melhorar a qualidade do ensino, visto que, são transformações sociais é que irão gerar transformações de ensino Freqüentemente o professor é apontado como responsável pela má qualidade do ensino. Porém, ao longo da história da educação, poucas foram as oportunidades dadas aos professores para que se manifestassem sobre suas práticas pedagógicas. O que queremos propor é que o professor deixe de ser um técnico, um mero executor, para tornar-se um investigador, um pesquisador.O profissional da área de educação tem sobre si a exigência da construção e socialização de habilidades, competências e conhecimentos que permitam sua inserção no mundo contemporâneo com a tarefa de participar, como docente, pesquisador e gestor do processo de formação de crianças, jovens e adultos. O profissional consciente sabe que sua formação não termina na conclusão de uma graduação. Esta lhe aponta caminhos, fornecem idéias e conceitos, importantes de sua especialidade. O restante é por sua conta. Muitos professores, mesmo tendo sido assíduos, estudiosos e excelentes alunos, tiveram que aprender na prática, estudando, pesquisando, observando, errando muitas vezes, até chegarem ao profissional competente que hoje são. Mesmo quem saiu das melhores universidades, sabe que não detém todo o saber que a prática pedagógica exige, tendo necessidade de uma formação continuada. O educador precisa estar sempre estudando, lendo, buscando e pesquisando. E a escola também é espaço de formação para o professor. A formação do professor não se dá em momentos distintos, isto é, primeiro a formação teórica e depois a experiência prática, mas sim a teoria e prática juntas.O professor lida com gente, crianças e jovens que pode ser afetados por uma conduta inadequada e conceitos errôneos. O professor reflexivo nunca se satisfaz com sua prática, jamais a julga perfeita, concluída, sem possibilidade de aprimoramento. Está sempre em contato com outros profissionais, lê, observa, analisa para melhor atender sempre o aluno, sujeito e objeto de sua ação docente. Se isso sempre foi verdade e exigência, hoje, mais do que nunca, não atualizar-se é estagnar e retroceder.
“Um professor destituído de pesquisa, incapaz de elaboração própria é figura ultrapassada, uma espécie de sobra que reproduz sobras.” ( DEMO,1994, p.27). O professor deve ter bastante inteligência, tempo e decisão para superar as deficiências. Por si mesmo, deve procurar atualizar-se, embasar-se teoricamente, observar a prática e tirar lições para melhorar seu desempenho, pois cada professor é responsável por seu processo de formação, cabendo a ele o direcionamento e a decisão de que caminhos percorrer. Não há políticas e programas de formação contínua que consigam atingir um educador que não queira crescer que não queira se aperfeiçoar “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente.” (NÓVOA, 1997, p.23). Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise. A formação continuada não pode ser concebida apenas como um meio de acumulação de fóruns, palestras e cursos, mas um trabalho de reflexão crítica sobre a prática e de construção permanente de uma identidade pessoal e profissional em interação. No momento em que muito se discute sobre formação continuada, as reuniões pedagógicas vêm sendo apontadas como espaço privilegiado nas ações da equipe diretiva com professores, nos quais ambos buscam novos saberes, refletindo sobre a prática. “ A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando”. ( NÓVOA, 1997, P. 26) O trabalho em equipe e o trabalho interdisciplinar se revelam importantes. Quando as decisões são tomadas em conjunto, desfavorece, de certa forma, a resistência às mudanças e todos passam a ser responsáveis para o sucesso da aprendizagem na escola “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.” ( FREIRE, 1996, p. 43) Estudos apontam que existe necessidade de que o professor seja capaz de refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos.
A formação continuada é saída possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. É uma tentativa de resgatar a figura do mestre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias. “Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática.” (FREIRE, 1996). Formação permanente é uma conquista da maturidade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a prática, docente e de vida, a formação continuada será exigência para que o homem se mantenha vivo atuante em seu espaço, crescendo no saber.
Portanto, o sucesso profissional do professor, o espaço ideal para o seu crescimento, sua formação continuada, pode ser também seu local de trabalho.
Referências Bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 20ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 192 p.NÓVOA, António. (coord.). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal, Dom Quixote, 1997. 158 p.
DEMO, Pedro. Pesquisa e Construção do Conhecimento. Metodologia científica no caminho de Hebermar. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994.